Apoie a campanha de financiamento coletivo do Fronteiras: Os Angelinos

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O zeitgeist da sociedade estadunidense do século XXI é anti-imigrante. Como cineastas, acreditamos que o cinema deve investigar a interseccionalidade da personagem do imigrante sob a ótica do pessoal, histórico e político. De tal forma que a única maneira possível de começarmos a desenvolver um longa metragem independente com tais premissas foi a de buscar as vozes imigrantes em suas próprias línguas maternas.

Assim abrimos o Fronteiras.

O capítulo um, Os Angelinos, trata-se de uma investigação cinematográfica de Los Angeles. Com a colaboração de um diverso grupo de artistas angelinos imigrantes, construímos uma carta-aberta multilinguista que explora temas sobre distância, pertencimento e identidade. Nosso objetivo é promover um franco diálogo entre a ideia de uma cidade próspera e sua crua realidade sem os dispositivos repressores de tradução.

 
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A interminável discussão entre cinema analógico e digital não existe em Fronteiras, pois a nossa linguagem cinematográfica permite-nos navegar fluidamente entre diferentes formas, estéticas e conteúdos.

 
Boyle Heights - still de "Os Angelinos"

Boyle Heights - still de "Os Angelinos"

foto dos bastidores da produção do curta metragem referência para os “Os Angelinos”

foto dos bastidores da produção do curta metragem referência para os “Os Angelinos”

 

O primeiro capítulo, Os Angelinos, utilizará película 16mm em cor rodada com uma antiga câmera Bolex. Aqui, a decisão do formato analógico permite-nos rodar, gravar e recordar histórias de imigrantes com um material físico. Um que constrói pontes narrativas entre línguas diferentes. Um que dure com o passar do tempo.

 
 

clipe de Os Angelinos

No segundo capítulo, O Estrangeiro, continuaremos usando película 16mm em cor, mas dessa vez nossas imagens serão quimicamente modificadas antes da exposição e processamento do filme no laboratório. À medida em que puxamos os limites do negativo, construímos uma convoluta narrativa de amor, resistência e auto-afirmação.

 
 

clipe de Escudo Meu (2018) de João Vieira

Por fim, o terceiro capítulo, Memórias, será rodado em formato digital sincronizado. A proporção da tela anterior (4:3) expandirá-se para (1:85:1). Assim, revelaremos esteticamente a escondida comunidade brazuca da Grande Boston. Decidimos abraçar o formato digital neste último capítulo para que o nosso jogo de câmera não se restrinja ao limite físico de um rolo de filme e possa constantemente gravar as interações entre diretor e personagens.

 
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fotografias da série "Duas Mães" (2017) de João Vieira

 
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O título “Fronteiras” posiciona esse projeto contra todos aqueles que desejam construir mais muros, mais estradas e mais divisões.

FRONTEIRA #1
A cidade de Los Angeles é dividida e segregada de acordo com etnia e nacionalidade de cada um. Apesar de sua fama como um reduto progressista, as diversas línguas aqui faladas permanecem esquecidas e desprezadas pelo circuito da indústria do entretenimento.

FRONTEIRA #2
Eu nasci sobre os braços da baía de Guanabara e renasci como um imigrante de frente à baía de São Francisco. O conceito de casa, para mim, não é um endereço físico e sim o mar absoluto. O processo imigratório me fez perceber a quantidade de culpa e ansiedade que todo imigrante carrega por um pedaço de papel.

FRONTEIRA #3
O estado de Massachusetts abriga a maior quantidade de brasileiros fora do Brasil. Apesar disso, muito pouco se conhece, se fala e se discute no debate público do Brasil e dos Estados Unidos sobre a existência dessa diáspora única em todo o mundo.

O Fronteiras rasga barreiras físicas e simbólicas. O Fronteiras abraça a diversidade linguística, cultural e cinematográfica. O Fronteiras propõe uma percepção íntima sobre as relações imigratórias nos Estados Unidos.

 
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Colaboramos em Os Angelinos com um diverso grupo de artistas imigrantes de diferentes nacionalidades cujas carreiras profissionais e/ou vidas pessoais os levaram a morar em Los Angeles durante o mesmo espaço-tempo. Nossos escritores refletiram sobre suas memórias de infância e as compararam com sua atual residência. Eles exploram temas de diversidade cultural sob o ponto de vista histórico de uma cidade desenhada a partir da segregação étnica-racial. 

- Alejandro Armas, fotógrafo equatoriano

- Ilca Andrade, atriz e diretora caboverdiana

- Frida Cano, artista visual e curadora mexicana

- Yosuke Kitazawa, produtor japonês

- Denise Kuhmalo, diretora, escritora e modelo zimbabuense

- Brenda Nascimento, atriz angolana

- Toni Rodriguez, cantora filipina

- Elham Sagharchi, pintora iraniana

 
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Em Os Angelinos, trazemos referências como as “sinfonias-de-cidade” de Joris Ivens ("À Valparaiso" e “Chuva”) e também bebemos na fonte dos ensaios cinematográficos de Chris Marker como “Sans Soleil”. Todavia, Os Angelinos difere-se sob a ótica de apresentar a crônica de uma cidade dividida por bairros e segregada por avenidas, estradas e viadutos de escalas monumentais.

Em O Estrangeiro, buscamos conectar a narrativa pessoal de um casamento “green card” com uma pesquisa histórica sobre as raízes do Movimento Santuário (Sanctuary Movement) na Bay Area (região metropolitana entre São Francisco, Oakland and Berkeley). Nesse caso, os documentários pessoais de Agnès Varda (“Les Plages d’Agnès”, “Les Glaneurs et La Glaneuse”) servem como referências para se construir uma narrativa pessoal a partir de um contexto histórico.

 
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O capítulo final de Fronteiras, “Memórias”, conta a história da silenciosa imigração brasileira para o estado de Massachusetts. Inspirado por “Crônicas de um Verão” de Jean Rouch e o cinema de Eduardo Coutinho (“Edifício Master” e “Últimas Conversas”), o trabalho de câmera deste ato comporta-se como “cinéma vérité”, ao passo que entrevistamos líderes comunitários, documentamos seu trabalho de campo e acompanhamos o desenrolar dos movimentos políticos de 2022 no Brasil (eleições para presidente) e nos Estados Unidos (eleições para governador).

 
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Durante o Outono de 2020 (Primavera no hemisfério sul), rodamos a maioria das imagens para o primeiro capítulo e coletamos os testemunhos junto a nossos colaboradores. Trabalhamos com a AudioBrew, uma casa de pós-produção de áudio, para finalizar o curta referência de “Os Angelinos”. Os fundos arrecadados durante esta campanha de financiamento coletivo nos permitirão completar 1 ⁄ 3 do nosso longa-metragem.

Uma vez terminada a produção do primeiro capítulo, nós seguiremos direto para a pós-produção do mesmo. Os testemunhos dos artistas imigrantes serão gravados em um estúdio profissional ao mesmo tempo em que trabalharemos na trilha sonora e correção de cor. A partir daí, buscaremos financiamento junto a produtoras nos Estados Unidos e Brasil e fundos de incentivo ao cinema.

Nosso objetivo final é conseguir rodar por 6 meses em Boston durante o ano de 2022, quando tanto o presidente do Brasil Jair Bolsonaro, quanto o governador de Massachusetts Charlie Baker, disputarão suas respectivas reeleições.

Os desafios de se produzir cinema independente em um mundo pandêmico são muitos: riscos de contaminação entre a equipe, diminuição das oportunidades de financiamentos, lockdowns generalizados e restrições de tráfego aéreo e local. Tendo em vista essa realidade global, desenhamos um calendário de produção flexível e de longo prazo. Não utilizaremos viagens de aviões até a Primavera de 2022 (Outono no hemisfério sul), quando assim esperamos que a distribuição das vacinas contra a COVID-19 já tenha alcançado grande parte da sociedade estadunidense. Até lá, nossas reuniões de produção entre Los Angeles, São Francisco e Boston serão feitas por videoconferências.

Gravaremos os segmentos da Califórnia com uma equipe esqueleto que consiste em uma produtora, dois diretores, uma fotógrafa e um assistente de câmera. Todos os membros da equipe de produção deverão apresentar testes negativos e continuaremos testando todos durante os dias de filmagens. A produção providenciará materiais de proteção.

 
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Fronteiras nasceu a partir do endurecimento da retórica anti-imigratória instaurada e institucionalizada nos governos dos Estados Unidos e Brasil. A eleição presidencial de Donald Trump consolidou-se como a maior vitória do movimento reacionário estadunidense capaz de capitalizar em cima do espírito do tempo anti-imigrante e reduzir as complexas interseccionalidades do século XXI em bravados xenófobos.

Como cineastas imigrantes que chegaram a este país em 2015, a áurea do trumpismo sempre se fez presente em nossos exercícios cinematográficos. Nós acreditamos que o cinema pode e deve adotar uma posição decisiva para reformar o sistema imigratório e construir uma extensa coalizão em favor de uma agenda progressista. É com essa determinação que nós pedimos a sua contribuição e o seu apoio para que possamos desenvolver este documentário tão importante.

 
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A cidade de Los Angeles é um dos protagonistas do nosso filme. Trata-se de um dos maiores condados dos Estados Unidos com extensas densidades de imigrantes. Capturamos desde a arquitetura peculiar de Chinatown, até as ruas históricas de Boyle Heights, os arranha-céus de Downtown, até chegarmos nas mansões de Brentwood. Propomos retratar a Los Angeles do cotidiano, e não a idílica ideia da cidade que se vende na televisão, nos jornais e nas redes sociais.

Los Angeles é uma cidade profundamente dividida e historicamente segregada. As largas avenidas, estradas e viadutos que compõem o cenário dessa metrópole, dividem e segregam os bairros, os cidadãos e suas respectivas histórias.

Cada plano é meticulosamente pesquisado e estudado. Nossa equipe de produção dedicou bastante tempo investigando os diferentes bairros de Los Angeles com o intuito de encontrar beleza, crítica e equilíbrio no concreto.

 
 
 
 
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Com dinheiro arrecadado, poderemos cobrir os custos de diferentes partes do processo de produção e pós-produção do primeiro capítulo do Fronteiras: Os Angelinos.

 
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Nós também fundamos um coletivo de arte imigrante! Se você está interessado em aprender mais sobre nossos projetos, visite o nosso site fronteiras-collective.com e nos siga nas redes sociais @fronteiras.collective

Ajude-nos a cruzar Fronteiras!

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